05/09/2025 - A 46ª temporada de reprodução monitorada no litoral do Brasil começa com expectativa de sucesso. ↓
Setembro marca o início de mais uma temporada de desova das tartarugas marinhas nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe. Já em Pernambuco, no Rio Grande do Norte e na ilha de Trindade, a temporada começa a partir de dezembro.
Nas áreas onde a temporada começa em setembro, nossas equipes já estão com o material de campo organizado e os equipamentos em dia. “A cada temporada, há um despertar de esperança de que nossas praias recebam mais fêmeas, que estas deixem seus ovos na areia e que eles frutifiquem em milhares de filhotes indo para o mar”, diz Daniella Torres, coordenadora de pesquisa e conservação da Fundação Projeto Tamar, no Rio de Janeiro.
Durante esta época do ano, as equipes de monitoramento percorrem centenas de quilômetros diariamente para registrar, marcar e proteger as desovas que são depositadas ao longo das praias. Nathália Berchieri, coordenadora na Bahia, destaca que o esperado é que os ovos depositados eclodam e gerem filhotes em um intervalo de 50 a 60 dias. “Quando possível, abrimos alguns desses ninhos com o público na praia, deixando que os filhotes encontrados sigam para o mar naturalmente, em uma oportunidade única de sensibilização de milhares de pessoas Brasil afora”.
Rafaely Nayanna, nossa coordenadora em Fernando de Noronha, ressalta os números da temporada de 2024/2025, em que “tivemos um recorde histórico de desovas em Fernando de Noronha, com mais de 800 ninhos de tartaruga-verde”. Essa recuperação do número de tartarugas na ilha, assim como na maior parte do litoral do Brasil, se deve aos esforços contínuos de conservação realizados há mais de 40 anos. Como sempre, mantemos a expectativa de que, para esse novo ciclo, elas retornem com força total e nos brindem com ainda mais ninhos.
No Espírito Santo, o coordenador Alex Santos já está com a equipe pronta, realizando o monitoramento das praias em busca das tartarugas-de-couro e tartarugas-cabeçudas. Este monitoramento noturno permite encontrar as fêmeas para fazer a coleta de material biológico, a marcação com anilhas de identificação e a realização da biometria para pesquisas em andamento. Ao mesmo tempo, as equipes também fazem a proteção dos ninhos para evitar perdas de ovos por predadores naturais. Fábio Lira, coordenador em Sergipe, reforça que, durante a noite, esse trabalho possibilita ainda a avaliação de outros fatores que comprometem a caminhada dos filhotes ao mar no momento do nascimento, como a poluição luminosa, que causa desorientação dos filhotes. Em todas as áreas de desova onde atuamos e onde essa ameaça é mais comum, há alguns anos realizamos estudos para quantificar o problema e buscar soluções. A observação da desorientação é feita usando os rastros deixados pelos filhotes na areia, além de serem identificadas as potenciais fontes luminosas causadoras da desorientação.
Em Pipa, no Rio Grande do Norte, há um monitoramento para assegurar que os filhotes de tartaruga-de-pente sejam protegidos e consigam chegar ao mar em segurança, já que há muitas ameaças ligadas à ocupação costeira que não seguem as regulamentações vigentes. Por lá, o coordenador Eduardo Lima explica que todos os esforços são dirigidos à convivência de conciliação entre o uso da praia por parte das tartarugas e visitantes.
De Santa Catarina ao Rio Grande do Norte, nossas equipes permanecem de “nadadeiras cruzadas” e torcendo para que esta nova temporada seja de muito sucesso, com um aumento no número de desovas nas praias e no nascimento de filhotes.
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