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Diário de Bordo: Boca da Barra, Almofala/CE

05/10/2015 - Acompanhe com o Tamar o embarque para monitoramento de um curral de pesca. Leia mais. ↓

Diário de Bordo: Boca da Barra, Almofala/CE

Aliados na conservação das tartarugas

Almofala é uma pequena comunidade pesqueira no litoral oeste do Ceará, formada principalmente por descendentes do povo indígena Tremembé, que vive da pesca artesanal. Entre redes, anzóis, tarrafas e manzuás, os currais destacam-se dentre as pescarias mais utilizadas na região. A visita a um curral de pesca traz sempre surpresas para quem acompanha o dia a dia desses pescadores, e em um dos últimos embarques de setembro, uma linda tartaruga-verde (Chelonia mydas) foi capturada incidentalmente. Os pescadores, ao trazerem a rede com o animal até a embarcação, já avisavam: “olha que é uma bicha grande!!!”. E não era história de pescador, era uma aruanã (como chamam a espécie por aqui) de 87,3 cm de comprimento de casco.

O esforço da equipe do TAMAR e dos pescadores para trazerem o animal para dentro não foi uma tarefa fácil. Seis homens e várias tentativas depois, além de gritos "1, 2, 3 puxa!!... 1, 2, 3 puxa!!!", o animal foi finalmente embarcado. A tartaruga veio junto com um monte de peixes que tomou quase todo o espaço do fundo do barco.

Ela não era grande o bastante para afirmar se era um indivíduo adulto, conta o coordenador do Projeto TAMAR no Ceará, Eduardo Lima. Após ser solta da rede, foi devolvida ao mar. Na região, são 17 currais de pesca identificados pelo TAMAR, que monitora dois diariamente. Todos os outros são de pescadores locais parceiros das tartarugas que levam para o TAMAR os animais que ficam presos. A parceria com os pescadores/vaqueiros das comunidades onde o Projeto está é fundamental para proteger as tartarugas marinhas da interação com a pesca.

 

A pesca artesanal e as tartarugas em Almofala/CE

Desde 1993, o TAMAR monitora a pescaria que captura dezenas de tartarugas por mês, das cinco espécies que ocorrem no Brasil, principalmente indivíduos juvenis e subadultos da tartaruga-verde (Chelonia mydas), popularmente conhecida como aruanã. As tartarugas, provenientes de diversas localidades como Suriname, Ilha de Ascención (África), Trinidad Tobago, Nicarágua, Guiana Francesa e de várias áreas de desovas do Brasil, buscam as águas mornas do Ceará para alimentação, crescimento e abrigo. Retornam depois de longos períodos a suas áreas de origem para desovar longe dos mares cearense.

Todos os dias, os pescadores dos currais de pesca saem na maré mais baixa rumo à pescaria de curral. Atento, um pesquisador do TAMAR acompanha na própria embarcação todo o processo de pesca ali realizado. Aproveita-se para conversar sobre conservação marinha e temas como pesca responsável e boas atitudes para proteger o mar e as tartarugas.

A profundidade dos currais, na maré mais baixa, fica em torno de 4 a 8 metros. Eles são divididos em grande sala, sala do meio e salinha, onde os peixes se concentram. Primeiro, os pescadores, ou vaqueiros como são também chamados, mergulham para verificar como estão os peixes no curral. Em seguida, passam uma rede de malha de 3 centímetros, confeccionada com fios de algodão, por toda a extensão da salinha levando a produção para dentro da embarcação. As tartarugas aprisionadas nessa rede são entregues para que o  TAMAR faça o manejo adequado do animal coletando informações como tamanho e comprimento da tartaruga, marcação do animal, coleta de material genético, entre outros. E assim, diariamente, os aliados e protetores das tartarugas marinhas, cumprem as suas missões.

Saiba mais:

Levantamento de tartarugas capturadas pela pesca revelam cinco espécies no Ceará.

Parceria com pescadores do Ceará: ganhos para as tartarugas e comunidades.

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