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Um Mergulho no Oceano da Música e da Natureza

23/04/2013 - "Sim, é como a flor, de água, ar, luz e calor, o amor precisa para viver...De emoção, de alegria e têm que regar todo dia". Texto de Luciano Calazans. ↓

Luciano Calazans

"Sim, é como a flor, de água, ar, luz e calor, o amor precisa para viver...De emoção, de alegria e têm que regar todo dia".

Esses versos da canção "Semente do Amor", gravada pelo antológico, indelével e atual grupo, A Cor do Som, traduzem com precisão o que aconteceu em Praia do Forte, no palco mágico do Projeto Tamar, nos dias 12 e 13 de Abril, na 6ª edição do Phoenix Jazz Festival. O festival foi marcado por momentos de emoção, alegria e boa música em um lugar que há 33 anos semeia o amor à natureza, à preservação das tartarugas marinhas, da vida no oceano (e fora dele) e, enfim, o desenvolvimento sustentável ao nosso alcance, que é o Projeto Tamar, fomentando assim, um hibridismo fantástico entre a música e o ar idílico - exuberante de Praia do Forte, sua comunidade, turistas e fãs em uma diversidade oceânica.

A primeira noite começou com o talentoso (e nativo de Praia do Forte) Dan Sants cantando e tocando, com sua voz singular, canções autorais e covers, acompanhado por uma excelente banda. Uma "saborosa entrada" para o farnel sonoro que estava por vir. A segunda atração da noite do primeiro dia do festival foi, nada mais, nada menos, que o poeta-mor dos Novos Baianos: o indefectível Moraes Moreira que, acompanhado por 3 instrumentos - a voz, o violão e o carisma -, levou o público ao delírio, interpretando alguns de centenas de hits gravados por ele ou outros artistas.

Destaque para "Preta Pretinha" e "Pombo Correio" (dentre tantas outras...), que formou um gigantesco coro com gente de todas as idades, contemporâneos e não contemporâneos do eterno Novo Baiano. Moraes não só seduziu e conquistou o público com seus sucessos, mas, também, com uma homenagem à guitarra baiana, convidando o mestre no instrumento e filho de um dos inventores da "guitarrinha", Armandinho Macêdo, para uma participação para lá de especial em sua apresentação. O público foi ao delírio. Como se não bastasse a entorpecedora abertura do festival com esse ícone da MPB, outra colossal atração subiu à ribalta do Projeto Tamar.

A Cor do Som arrebatou o público, já em ebulição, com música instrumental e cantada pelas vozes de Armandinho Macêdo e de Mú Carvalho (tecladista e compositor do grupo formado no final da década de 70 e começo dos anos 80). Destaque para a canção, "Menino Deus" (Caetano Veloso), interpretada impecavelmente por Armandinho com seu bandolim e em formato instrumental, dando assim, um ar sintomático a um festival de Jazz. Um primor de sensibilidade e habilidade com um grupo formado por músicos de primeira grandeza.

O grupo fez um passeio pelo instrumental e pelo cantado, sem que o público pudesse notar fronteiras entre um gênero e outro. "Frutificar" (Mú Carvalho) foi, também, um dos pontos altos da apresentação do grupo. A Cor do Som tocou também "Zero" (Armandinho e Fausto Nilo), momento do show em que as vozes dos fãs se misturavam às vozes dos que estavam do palco.

Momento Mágico foi o encerramento com a famosa "Zanzibar" (Armandinho e Fausto Nilo), onde a noite se transformou em uma festa de festival ou um festival em festa. Para encerrar a primeira noite do festival, o Tamarear, um dos grupos do Movimento musical do Projeto Tamar, fez um misto de canções do Tamar, com letras focadas na sensibilização ambiental através da música, obras de artistas consagrados e, ainda, um passeio pela pela música instrumental. Destaque para "So What?" (Miles Davis), em uma releitura arranjada por Luciano Calazans (diretor do programa musical do Projeto Tamar), e "Tamarear"(Guy Marcovaldi), gravada por Milton Nascimento e Dudu Lima Trio. A apresentação do grupo Tamarear provou que, mesmo após uma potência como "A Cor do Som", o público - mesmo reduzido pelo adiantado da hora, o que é natural -, estava com vontade de música.

A segunda noite do festival continuou com o embalo e ecletismo da (também "filha" do movimento musical do Tamar) banda "Casco Cabeça", que deu um verdadeiro show e mostrou que tudo é possível quando existe dedicação e amor ao que se faz. A banda, formada por funcionários do Projeto Tamar e nativos de Praia do Forte, executou canções que fazem parte do CD 30 anos de História para Contar, e que também têm como principal meta a sensibilização ambiental através da música, além de músicas de artistas como Gerônimo e Gilberto Gil. Destaque para "Mergulha e Voa" (gravada pelos "Móveis Coloniais de Acaju"), "Bichos do Mar" (de Chico Martins, gravada por Lenine) e a famosa cancão que deu origem ao nome da banda, a música "Casco Cabeça". A apresentação da banda foi tão sublime, que houve pedido de bis pelo público, encantado pela banda e pela doce voz de May Rovah.

A segunda atração da noite também trouxe uma atmosfera "setentista" com o concerto de Ary Dias e Fernando Moura. Fernando Moura foi da primeira formação da Cor do Som e Ary também continua a fazer parte desta antológica banda. A música, deixou o público calado - por curiosidade -, pelo tom experimental que os dois músicos apresentaram. Foi uma apresentação exuberante e inesquecível.

A terceira atração foi a Banda "Terráquea", grupo liderado pelo estadunidense - radicado na Bahia -, Lon Bovvé, que misturou R&B, Soul e funk em nuances etéreas e com alguns momentos divertidos como as canções "I like Pizza" e "Fruit Salad" ambas de sua autoria. O show atraiu a atenção do publico, não só pela música, mas também pela banda super competente que o acompanhava.

E para fechar a noite, nada melhor que um grupo de nativos de Praia do Forte.  Uma família inteira no palco. A "Oca do Rei" é uma banda bastante conhecida em Praia do Forte e adjacências e no festival foi comandada pelo ilustre Zeu e seu Bandolim. O que se pode ouvir foi uma música genuína e de raiz.  A banda tocou de tudo e ainda contou com as canjas de Armandinho e Fernando Nunes, excelente contrabaixista.

O festival foi um sucesso de público e de música e provou que a natureza e a música são irmãs siamesas e que não existe distância quando se quer desfrutar esses bens divinos.

Viva a música!

Viva a Vida!

Viva o Projeto Tamar!

Viva o Phoenix Jazz Festival!

"No jardim da fé, eu já plantei um pé de esperança" (A Cor do Som).

Que venham outras edições!

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